Créditos: Make e Hair: Diego Borges
Fotos: Gabriel Correia
Ela começou sua carreira com apenas 13 anos e aos 16 foi emancipada pelos pais para abrir seu próprio salão de beleza, no município de Salto, no interior de São Paulo. Hoje, aos 26 anos, é mais que cabeleireira: é empresária, influencer e uma das grandes especialistas do Brasil em cabelos ondulados, cacheados e crespos.
Mais do que cabeleireira, você se coloca também como empresária. Quais os seus projetos?
Eu tenho um salão de beleza no bairro da Aclimação, zona sul de São Paulo e, em janeiro. abrirei uma nova unidade no Tatuapé, zona norte da cidade. Em março abrirei outra no Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca. Isso faz parte dos planos de expansão da marca, vou transformar meu salão de beleza em uma franquia especializada em cabelos crespos, ondulados e cacheados. Todas as unidades seguirão um padrão, de forma que todos os clientes, mesmo não sendo atendidos por mim, tenham um atendimento igual ao que eu faria. Todos os cabeleireiros, mesmo nas franquias, serão alunos meus. Eu já formei cerca de 3 mil profissionais especializados neste tipos de cabelos e somente contrato ex-alunos, assim mantenho o padrão.
Ao falar de cabelos que não são lisos, falamos também de auto aceitação e autoestima, já que muitas mulheres têm dificuldade para assumir o cabelo natural. Como você vê seu trabalho nesse sentido?
74% da população brasileira tem cabelo crespo, ondulado ou liso, no entanto, a maioria das pessoas, mesmo os profissionais, não sabem lidar com esses fios. Vejo que a maioria das mulheres passaram por algum trauma na infância, na escola ou mesmo na família, que não sabia lidar com o cabelo da criança, assim, muitas começaram a alisar ainda cedo para se adequarem aos padrões, serem aceitas pela sociedade, até porque, não havia referências. Hoje muitas estão começando a se aceitar mais, isso tem a ver com representatividade. Entre as mulheres negras, por exemplo, cada vez mais elas estão assumindo seus cabelos naturais. Isso tem a ver com a representatividade negra nos meios de comunicação. Estamos vendo o fim da ditadura dos lisos e, com isso, as mulheres estão mais livres, assumindo seus cabelos naturais sem se importarem com imposições.
O mercado da beleza está preparado para esta mudança?
Hoje faltam profissionais especializados neste tipo de cabelo. Muitos ainda estão presos aos alisamentos, às escovas progressivas. Ainda há muitos que pensam que quem tem cabelo cacheado não vai a cabeleireiro, que cuida dos cachos em casa. Há muito preconceito. Vários acham que não tem público para cacheados , principalmente os que estão presos aos alisamentos, vejo entre meus seguidores que muita gente não sabe que cacheado dá dinheiro. Eu sempre tento mostrar que é um mercado promissor. Meu corte, por exemplo, custa R$ 200, enquanto que o corte de um salão comum sai menos. Na verdade, muitas não vão aos salões porque há poucos profissionais que entendem deste tipo de fio. Eu mesma já fui a diversos lugares que não sabiam tratar meu cabelo. Mas esse pensamento contra cachos está mudando, vejo que essa mentalidade de querer alisar todos os cabelos é mais forte entre pessoas mais velhas.
Você acha que assumir o cabelo natural é só uma moda ou veio para ficar?
Veio para ficar, muitas mulheres estão cansadas de se obrigarem a se encaixar em padrões. Tem muita gente que passa pela transição, não gosta e volta a alisar, mas há várias que adoram sua nova versão. Assumir o cabelo natural não é moda, é aceitação, é se aceitar como é, sem seguir padrões.
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