A cantora usou uma criação Clara Lima em seu último show em São Paulo, neste domingo (15). Além dele, outros nomes como Marietta Baderna e Tieta do Agreste já foram homenageadas em apresentações de pré-Carnaval
Imagem Divulgação
Criação: Clara Lima
Confecção: Michelly X
Assistência de confecção: Giovana Naomi
Ilustração: Victor Liborio e Nadine Cunha
O tema “mulheres guerreiras” é o conceito da sequência de looks para o Carnaval da icônica artista brasileira Anitta. Neste ano, o propósito é homenagear figuras femininas históricas que contribuíram para a construção da sociedade como a conhecemos hoje. Clara Lima, a estilista e designer da cantora, já inspirou-se em personalidades como a bailarina italiana Marietta Baderna e a personagem brasileira Tieta do Agreste, transportada diretamente da obra de Jorge Amado, que foram simbolizadas em criações utilizadas nas primeiras duas apresentações de pré-Carnaval, e agora representando a revolucionária Anita Garibaldi no dia 15 de janeiro, no show em São Paulo.
Nascida no ano de 1821, em Laguna (SC), Ana Maria de Jesus Ribeiro, famosa como Anita Garibaldi, bem cedo foi conhecida pelo seu caráter forte e decidido. Influenciada desde a infância pelo seu tio revolucionário em causas sociais e políticas, Anita engajou-se nesses propósitos participando da Guerra dos Farrapos e da Batalha dos Curitibanos no Brasil, além da Batalha de Gianicolo, na Itália. É que, em 1892, ela se uniu ao revolucionário Giuseppe Garibaldi e com ele lutou pela unificação desse país. Fazia de suas vestimentas uma forma de proteção, usando roupas masculinas, para evitar assédio dos soldados em campanha. Parecer-se a um deles facilitava a ela enfrentar a luta e sobreviver nas batalhas contra o governo imperial brasileiro.
Clara idealizou um look que faz alusão às roupas características de Anita Garibaldi, sem as espelhar totalmente, usando como referência a pintura “Alegoria da Revolução - Anita Garibaldi, 1846”, de Johann Moritz Rugendas,misturando com elementos do universo da cantora Anitta. A bandeira da arte visual foi usada como parâmetro para pensar na fluidez das roupas e nas cores, e a estilista ressignificou a camisa e a saia da revolucionária em um corselet dourado e em uma calça bombacha vermelha com recortes. O traje também é acompanhado de um lenço no pescoço que representa os adereços usados pelos revolucionários comandados por Garibaldi, e um na cabeça a pedido da cantora Anitta. As botas longas são parecidas com as dos combatentes da época.
Alegoria da Revolução - Anita Garibaldi, 1846 Johann Moritz Rugendas
Sobre o processo criativo, Clara conta que desenvolveu 16 figurinos. Dentre os três únicos nomes que Anitta sugeriu, Anita Garibaldi foi o primeiro deles. “A parte mais desafiadora foi transformar elementos característicos dessa figura em algo pop e atual, o que demandou muitas pesquisas e análises. No final, acredito que conseguimos traduzir, com os volumes e formas, essa mulher que realmente foi uma guerreira”, declara a designer.
Os figurinos criados a partir de Marietta e de Tieta resultam de pesquisas com resultados curiosos. Por exemplo, o sobrenome da bailarina italiana introduziu o termo baderna no português falado apenas no Brasil. É que, apresentando-se no país, a artista foi acusada de causar desordem por fomentar a cultura negra, unindo-a à feminilidade, à sexualidade e à arte popular. De modo muito semelhante, Tieta do Agreste representa a mulher julgada pelas suas atitudes que reivindicam a liberdade feminina e luta pela sobrevivência resistindo ao conservadorismo.
Por coincidência, Anita Garibaldi é xará da cantora, e por isso o look ficou ainda mais relevante para Clara e Anitta, traduzindo exatamente o conceito sobre o qual decidiram trabalhar neste ano, para dar visibilidade a essas personagens em um evento tão cheio de evidência como o Carnaval no Brasil.
Créditos: Victor Liborio e Nadine Cunha
Ficha Técnica
Criação: Clara Lima
Confecção: Michelly X
Assistência de confecção: Giovana Naomi
Ilustração: Victor Liborio e Nadine Cunha
Agência Lema Leandro Matulja/ Letícia Zioni/ Guilherme Maia
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