Nos últimos anos, a busca pelo corpo perfeito tem levado muitas pessoas a realizarem procedimentos estéticos sem total conhecimento dos riscos envolvidos. A influenciadora Vicki Demito conhece bem essa realidade: após submeter-se a aplicações para harmonização corporal, descobriu que o material injetado era perigoso e poderia ter consequências fatais. Hoje, ela usa sua experiência para alertar outras pessoas sobre os perigos desse universo.
Trabalhar com a própria imagem pode ser um desafio, e Vicki Demito sente na pele essa cobrança. “Hoje em dia, você já acorda bombardeado de informações sobre a vida perfeita, o corpo perfeito. E, quando você trabalha nesse meio, você é um cartão de visitas”, explica. Ela acredita que quem segue o padrão estético mais aceito geralmente tem mais relevância nas redes sociais, o que acaba criando ainda mais pressão.
Mas até que ponto essa busca pelo corpo ideal vale o risco? Vicki passou por um procedimento acreditando estar usando um estimulador de colágeno, mas a realidade foi muito diferente. “Na segunda aplicação, de cara já tive rejeição. No hospital, me falaram que não era um estimulador, mas outro tipo de produto. Me senti enganada, impotente”, desabafa.
Após a descoberta, Vicki enfrentou problemas de saúde que poderiam ter sido fatais. “Muitas dores, úlceras de repetição e recentemente soube que poderia ter causado embolia pulmonar, falência dos rins”, conta. Felizmente, conseguiu buscar ajuda a tempo, mas a experiência foi traumática.
Apesar dos desafios, ela não acredita que falte informação sobre os riscos dos procedimentos estéticos. “Hoje, a mídia fala bastante sobre isso. Antes de fazer qualquer coisa, é de praxe ter uma conversa com um médico. Acho que estamos cientes dos riscos”, avalia. No entanto, a decisão final nem sempre é baseada apenas na informação, mas também na pressão social.
Para Vicki, a pressão estética sobre mulheres trans pode ser ainda maior. “Tem essa ideia de ‘ser uma mulher’. Mas o que é ser ou parecer uma mulher hoje em dia? Essa pergunta é, no mínimo, complexa”, reflete.
Desde jovem, ela enfrentou críticas sobre sua aparência. “Sofria demais com os comentários, chorava, fazia terapia. Faço até hoje, mas hoje em dia não me importo mais. É meu corpo, e é injusto me comparar com os outros. O importante é me olhar no espelho e me sentir bem.”
Se pudesse aconselhar alguém que sente a necessidade de mudar para ser aceita, ela diria: “Se você sente essa necessidade, então mude. Quem sou eu para julgar?”
Hoje, Vicki faz parte de um grupo que alerta homens e mulheres sobre os perigos dos procedimentos estéticos inseguros. “Sempre que tenho a oportunidade de falar sobre isso em um portal ou tabloide, eu estarei lá. Sou muito grata por estar aqui contando minha história, porque eu poderia ter virado uma estatística.”
Ela acredita que a regulamentação da estética no Brasil já é forte, mas que o problema está na conivência com profissionais irresponsáveis. “A Anvisa é muito atenta. O que falta é denunciar os maus profissionais”, afirma.
Quando se trata de mudar a cultura da beleza nas redes sociais, Vicki defende medidas como o fim dos filtros e uma fiscalização mais rigorosa nos comentários. “Filtros criam uma distorção de imagem que deixa todo mundo complexado. Acho que deveríamos nos educar mais e parar de nos comparar tanto.”
Por fim, Vicki deixa um alerta: “Reflitam se estão fazendo procedimentos porque querem ou por pressão estética. E procurem lugares seguros. Nossa vida não tem preço, não podemos economizar quando o assunto é saúde.”
A história de Vicki Demito é um retrato da realidade enfrentada por muitas pessoas que buscam padrões inalcançáveis de beleza. Ao transformar sua dor em um alerta, ela reforça a importância de escolhas conscientes e seguras no mundo da estética.
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