Por: Evely Oliveira
Para Jonathan Coelho, o consumo consciente é uma das premissas fundamentais para que possamos proteger e preservar nossos recursos naturais. Formado em Design de Moda com especialização em - Marketing, Criatividade e Inovação - trabalha com produções de moda e desfiles pelo país tendo em seu portfólio trabalhos publicados na Vogue Itália e Boylicious Magazine, também é o Autor de "Fins Necessários", um drama publicado pela editora Garcia. O mesmo acredita que repensando nossos hábitos podemos contribuir para um futuro mais promissor e responsável, com foco em regeração e não apenas em sustentabilidade!
Como ouvi alguns dias atrás em uma live de um grande nome da área: "Estamos deixando a era do EGOcentrismo e entrando na era do ECOcentrismo".
Precisamos despertar para o fato de que moda e consumo estão definitivamente ligados. Os recursos utilizados não são infinitos, Quando jogamos algo "fora", não existe realmente "fora", com o perdão da redundância. O planeta precisa de você. Seja como o Jonathan e faça a diferença!
"A moda na que acredito é libertária, sem padrão, fluída e que desperta o desejo de mudança."
1- Conte-nos sobre sua trajetória no mundo fashionista. O que te impulsionou a seguir uma carreira na área da moda?
Meu envolvimento com o mundo da moda iniciou por volta dos 12/13 anos quando eu percebi que podia usar as roupas como instrumentos para comunicar o que pensava e logo veio o interesse em estudar, saber mais sobre esse mundo... uma tia tinha se formado em Design de Moda e minha paixão foi instantânea quando ela me mostrou os croquis, as coleções desenvolvidas por ela e todo aquele glamour. Por morar numa cidade onde o polo têxtil é muito forte eu tive o privilégio de estar em contato com a indústria da moda desde sempre, então, a costura, os moldes e empresas já faziam parte do meu cotidiano e o conhecimento era de fácil acesso principalmente o conhecimento técnico e prático dessa indústria. Ter dois trabalhos publicados na Vogue Itália e ter participado da edição n47 do São Paulo Fashion Week confirmaram que minha trajetória na moda foi uma escolha feita com amor.
2- Você aborda temas necessários sobre consumo consciente e sustentável visando o futuro do planeta, tendo Upcycling e moda regenerativa como temas de suas palestras. O que você poderia contar sobre o assunto?
Quando percebi que a indústria que mais amava era uma das principais responsáveis pela poluição do nosso planeta, eu senti a necessidade de conscientizar outras pessoas a respeito.
Até porque estamos falando de um tema global que vai afetar todo mundo. Por isso, nos últimos 2 anos tenho me dedicado a criar conteúdo para redes sociais, abordar sobre o tema em palestras e até com amigos, disseminando o máximo de informação possível sobre o consumo slow, sobre os mecanismos do fast fashion e apontando maneiras de como estar colaborando com a causa, mostrando exemplos de como eu contribuo, mesmo que de forma pequena, para que o nosso ecossistema se regenere.
Outro assunto bem polêmico é sobre a moda sustentável vs. moda regenerativa. O dia 22 de Agosto de 2020 foi marcado como o Dia da Sobrecarga da Terra segundo a Global Footprint Network, ou seja: já consumimos mais de 60% dos recursos naturais disponíveis na Terra e precisamos desacelerar esses números o quanto antes; quando falamos em moda sustentável, nos referimos a retirar insumos da natureza e dar tempo para que ela se regenere. Mas uma vez que nossos recursos já estão escassos precisamos de transformações mais profundas e de maior impacto nessa indústria gigantesca. Através dessa necessidade surgiu um novo conceito de produção chamado de moda regenerativa que presa por uma economia circular justa e mais consciente nos seus processos de atuação.
3- O que é a moda para você?
Eu acho a moda mágica, sempre repito isso. Ela é responsável por lembrar as pessoas que a Magia e a Esperança existem. Enxergo ela também como um instrumento de mudança social profunda, uma ferramenta de comunicação poderosa que transforma, revoluciona e faz do mundo um lugar melhor. Através da moda entendemos a história, analisamos comportamentos, identificamos culturas... é tão importante sua função no mundo que usamos roupas durante toda a vida e até para morrer (risos nervosos). A moda que eu acredito é libertária, sem padrão, fluída e que desperta o desejo de mudança.
4- Sobre o seu livro “Fins Necessários”, o que te motivou a escrevê-lo? E como você está avaliando a recepção do mesmo pelo público?
"Fins necessários" foi uma das minhas maiores realizações. Eu escrevi ele durante a graduação em Design de moda aos 20 anos e fiz uma vaquinha por toda a faculdade para conseguir pagar o lançamento (uma loucura, mobilizei todos os cursos rs). Foi uma prova de determinação que me inspira até hoje. Sempre explorei todos os lados que o Jonathan possui e naquele momento sentia uma necessidade enorme de me comunicar através da escrita, então assim surgiu um drama com toques ácidos de terror que mistura ao mesmo tempo um pouco de mim com um universo totalmente imaginário e lúdico. O público aceitou muito bem, fiz o lançamento na maior e mais antiga livraria da cidade e muitos artistas locais compareceram para me parabenizar, foi incrível!
5- E por último mas não menos importante, qual a sua voz? O que gostaria de gritar para o mundo?
Se eu pudesse pegar um megafone e gritar uma única frase para todo o mundo eu diria: "Você está aqui para ser feliz", eu acredito que essa frase tem um poder incrível de nos lembrar que não existe uma outra razão para estarmos aqui, eu uso ela como uma meditação diária, está colada na porta do meu quarto para que eu não esqueça de fazer só aquilo que me preenche, de estar onde eu me sinto bem e de me manter o mais autêntico possível, porque é aí que acredito ser o lar quentinho de janelas enormes que a felicidade mora.
Com muita admiração por aqui me despeço.
Bye, Bye!
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